O Journal of Dental Research divulgou um importante artigo sobre o COVID-19 com recomendações de segurança para consultórios odontológicos e escolas de odontologia. O cirurgião-dentista de Parnamirim, Alexandre Bezerril, compilou essas informações e preparou um material para ajudar os profissionais nesta pandemia. Ao fim do artigo, confira as considerações do profissional.
PRÉ-CONSULTA:
CONSULTA:
ANAMNESE DETALHADA – QUESTIONAR:
ATENDIMENTO AO PACIENTE:
1) HIGIENE DE MÃOS: Realizar higiene de mãos frequentemente, preferencialmente com a lavagem rigorosa das mãos ou, com fricção com gel de Álcool a 70% se não estiverem com sujidade visível por no mínimo 20 segundos. Lavar as mãos antes e depois da retirada das luvas. Secar as mãos com papel toalha.
2) USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL: para proteger membranas mucosas de olhos, nariz e boca durante os procedimentos, que deverão ser selecionados de acordo com o tipo de atendimento. Compreendem as luvas, óculos e proteção facial com máscaras e também viseiras. Durante a anamnese e exame clínico poderá ser usada máscara cirúrgica e óculos de proteção. Em procedimentos onde serão gerados aerossóis, a máscara de escolha, que oferece melhor proteção deverá ser a N95 ou PFF2 ou respiradores reutilizáveis que deverão ser limpos e desinfetados a cada paciente de acordo com recomendações do fabricante. As máscaras deverão ser trocadas a cada paciente ou mais de uma vez no mesmo paciente quando visivelmente molhadas e a máscara N95 só poderá ser usada por 4 horas.
3) ETIQUETA DA TOSSE / HIGIENE RESPIRATÓRIA: cobrir boca ou nariz quando tossir ou espirrar colocando o cotovelo e quando do uso de lenços deverão ser descartáveis e após uso serão descartados em lixo apropriado e as mãos deverão ser lavadas.
4) SEGURANÇA NO MANUSEIO DE PERFUROCORTANTES: Infecções podem ocorrer após acidentes com instrumentos perfurocortante ou contato direto entre membranas mucosas e mãos contaminadas.
5) ESTERILIZAÇÃO DE INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS: Todo o material deverá ser esterilizado em autoclaves e as peças de mão deverão ser autoclavadas para cada paciente e deverão ter válvulas anti-refluxo.
6) LIMPEZA E DESINFECÇÃO DE SUPERFÍCIES:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1) AMERICAN DENTAL ASSOCIATION (ADA)
2) CENTER FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC) . Interim Infection Prevention an Control for Patients with Suspected or Confirmed Coronavirus disease 2019 (COVID-19) in Healthcare Settings
3) OSAP (ORGANIZATION FOR SAFETY AND ASEPSIS PREVENTION) – From Policy to Practice: OSAP’s Guide to the CDC Guidelines (2019); OSHA & CDC GUIDELINES: INTERACT SYSTEM 5th EDITION.
4) WORLD HEALTH ASSOCIATION – Rational use of personal protective equipment for coronavirus disease (COVID-19)”; Considerations for quarantine of individuals in the context of containment for coronavirus disease (COVID-19).
5) ZHANG, W & JIANG, X. Measures and suggestions for the prevention and control of the novel coronavirus in dental institutions. Front Oral Maxillofac Med 2020; 2:4
6) KAMPF G. et al, Persistence of coronaviruses on inanimate surfaces and their inactivation with biocidal agents. Journal of Hospital Infection.
7) MENG, L et al . Coronavirus Disease 2019 (COVID-19): Emerging and Future Challenges for Dental and Oral Medicine . Journal of Dental Research.
REVISÃO:
Águida Maria Menezes Aguiar Miranda, especialista em Estomatologia e Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofaciais, habilitada em Odontologia Hospitalar, CRO-RJ 19526.
Maria Claudia Vieira Vieira Guimarães, especialista em Implantodontia e Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofaciais, habilitada em Odontologia Hospitalar, CRO-RJ 19898.
POR ALEXANDRE BEZERRIL, cirurgiã-dentista de Parnamirim
A profissão de dentistas é considerada pelo Departamento de Trabalho dos estados Unidos (núcleo O* NET), como a PROFISSÃO MAIS INSALUBRE DO MUNDO. Para justificar tal opinião, consideram a proximidade com os pacientes (40 centímetros), a exposição à contaminação pelo campo de trabalho (orofaringe), e o tempo de exposição prolongado no atendimento.
Neste tempo de “Corona vírus” devemos ficar alerta com a questão da biossegurança, na qual os dentistas são amplamente conhecedores cientificamente e treinados apara sua rotina. Faz parte da atividade diária do dentista lidar com materiais contaminados com fluidos orgânicos (saliva, sangue, etc).
Os aerossóis produzidos por aparelhos odontológico (canetas de alta rotação, ultrassom de periodontia e seringa tríplice) produzam um grande aerossol (spray), que podem transportar da orofaringe bactérias e vírus patogênicos , e possivelmente o Corona vírus (Covid-19), já que se sabe que sua preferência inicialmente está na língua e garganta.
As partículas desses aerossóis podem ter tamanhos de 0,001e 10.000 μm ( μm equivalente à milésima parte do milímetro). Partículas menores que 50 μm podem ficar suspensa no ar por horas, e penetrar através do trato respiratório e membranas conjuntivas, tanto do cirurgião dentista quanto de seus pacientes, pacientes que serão atendidos posteriormente, sendo artigos publicados desde a década de 1980.
O jornal Americano “The New York Times” publicou neste domingo (15/3/2020, https://www.nytimes.com/interactive/2020/03/15/business/economy/coronavirus-worker-risk.html ) faz um alerta sobre as ocupações mais propicias a ser contaminadas com Covid-19.
Os dentistas estão entre as profissões de maior risco ( riscos máximos), com notas de 95 de exposição e 99 de proximidade com pacientes. Isso pode ser surpreendente para a sociedade, mas os dentistas já sabem disso há décadas.
Diante da situação, a classe odontológica está preocupada com a possibilidade de contaminação da equipe de trabalho e de ser disseminador do Coronavirus em sua prática, neste momento de pandemia.
O que se observa é resistência de alguns gestores públicos e clinicas privados em suspender o atendimento.
Contudo, os serviços de urgências e emergências em odontologia (dor que medicações não resolveram , hemorragias, infecções, traumas, entre outros) podem continuar funcionando se for obedecidas os seguintes:
✓ Triagem criteriosa dos pacientes , mesmo em urgência e emergências;
✓ Dispor de aparelhos para aferir pressão arterial , termômetros corporal, entre outros;
✓ Dispor de serviços de referências para encaminhamento suspeitos;
✓ Exigir Antissepsia de ambientes, com pulverizadores para áreas impossibilitadas de acessos como paredes altas, armários, etc;
✓ fornecimento de equipamento de proteção individuais: como batas, mascaras N95, luvas cirúrgicas, óculos e viseiras, álcool 70% , entre outros;
✓ Salas com janelas;
✓ Equipe treinadas;
✓ Antissepsia de ambientes (consultório odontológico);
✓ Entre outros que o dentista julgue necessário em serviços de urgência.
Diante do exposto, o SOERN exige a suspensão das atividades clinicas dos dentistas , para observar a pandemia no RN.