A odontologia tem trabalhando constantemente a fim de desenvolver novos materiais e aprimorar técnicas restauradoras que estabeleçam a estética e a função, preservando ao máximo a estrutura dentária.
Neste sentido, a remoção química-mecânica da cárie passou a ser uma aliada importante. Para tal, vários agentes foram testados, entre eles o gel de papaína, enzima alcaloide utilizada em testes com imunoglobulinas e, na insdústria farmacêutica, como um acelerador do processo de cicatrização.
Por se tratar de material de oriegem brasileira, acrescenta-se a vantagem do baixo custo, tomando-o compatível com a realidade nacional para utilização em larga escala. “Em tratamento odontológico, ele é utilizado desde 2003, não possui contraindicações para este fim e pode ser aplicado em dentina cariada de dentes decíduos ou permanentes”, esclarece a cirurgiã-dentista Sandra Kalil.
De acordo com Sandra, há registro de mais de 90 trabalhos científicos – Laboratoriais, Clínicos/Microbiológicos e Relatos de caso – nas mais importantes bases de dados mundiais que comprovam a eficácia da enzima no tratamento dentário.
“A papaína age quebrando as moléculas de colágeno parcialmente degradadas, uma vez que tem a propriedade de digerir células mortas. Quando isso ocorre, há formação de bolhas de oxigênio na superfície e uma turvação do gel, demonstrando que se pode iniciar a remoção do tecido cariado” explica.
Segundo a cirurgiã-dentista, devido ao fato de a dentina necrótica ser morta, a retirada desse tecido infectado e amolecido torna a remoção de cárie na maioria das vezes indolor, dispensando o uso de anestesia. “O uso do gel de papaína amolece a camada infectada, permitindo remover a área afetada preservando os tecidos sadios do dente e as paredes laterais da cavidade, o que evita a promoção de cortes acentuados e facilita o procedimento restaurador”, detalha a profissional.
A não necessidade de anestesia, na maioria dos casos, é um dos fatores mais relevantes para a utilização do gel.
“Trata-se de uma qualidade atraente, tanto para o tratamento de pacientes fóbicos quanto àqueles com necessidades especiais, além de auxiliar significativamente também no atendimento infantil”, finaliza.
Fonte: Jornal da ABO, ed. 162