Ataque comprometeu limpeza e segurança do local; direção solicita medidas
Nesta quarta-feira, 08, servidores, usuários, Sindicatos, Movimentos Sociais, e representantes parlamentares realizaram um ato antirracista em frente a sede da Academia da Saúde, da Unidade de Saúde da Família (USF), do Parque das Dunas, na zona norte de Natal. Foram convidados para o ato, a Guarda Municipal, Conselhos Municipal de Saúde e a gestão do Distrito Sanitário Norte I.
O protesto ocorreu após ataques racistas no muro do prédio. Expressões como “nego”, “preto imundo” e “macaco”, além de imagens de cunho sexual foram pichadas no último dia 17 de janeiro e a limpeza e segurança do prédio continuam comprometidas. A autoria do ataque é desconhecida.
O alvo do ataque foi o profissional de educação física Altieres Elias de Sousa Júnior, 32 anos, que realiza atividades com usuários da Academia da Saúde. Um boletim de ocorrência foi instaurado e a polícia investiga o caso. “No momento em que percebi as pichações fiquei muito triste. Nosso Programa [Academia da Saúde] só traz benefícios a população, então é injustificável que esse crime aconteça. Com o ato de hoje, buscamos lembrar que racismo é crime e que precisa ser combatido. Espero que nossas reivindicações sejam atendidas”, disse.
Para Rosemeire Martins, diretora da USF do Parque das Dunas, o ato serviu para que o servidor se sinta acolhido no seu local de trabalho, além de buscar soluções “Graças a Deus os danos foram apenas na estrutura e não fisicamente contra o nosso servidor. Com o ato de hoje, colhemos quase 100 assinaturas em repúdio a esse ato de racismo”.
Rosemeire também falou sobre os danos psicológicos sofridos pelo servidor e solicitou da Prefeitura e Secretaria Municipal de Saúde a reparação dos danos físicos na estrutura, como a pintura do prédio, o reforço da iluminação externa da academia, e a reparação das vidraças que foram quebradas. Solicita também a proteção por guardas municipais, assim como o controle de entrada e saída da população.
“Todos os dias quando aquele servidor chega no seu ambiente de trabalho e ver os muros pichados, ele relembra a agressão mental sofrida. Como mulher negra reafirmo a minha indignação”, afirmou a gestora.
A chefe de Planejamento do Distrito Sanitário Norte I Erelena Pereira da Silva, participou do ato e afirmou que um Memorando foi enviado à SMS com pedidos para limpeza e segurança do local. “O Distrito está ciente, enviamos um Memorando pedindo a limpeza da praça, principalmente a iluminação com refletores durante a noite. Também solicitamos um guarda municipal ou porteiro para realizar a segurança. A academia faz um trabalho excelente e estamos tristes com o ocorrido, pois estamos fazendo bem para a comunidade e esse ato criminoso precisa ser punido, precisamos descobrir a autoria desses atos”, afirmou.
Para o dentista da unidade Sedru Cavalcanti, representante do Sindicato dos Odontologistas (SOERN) – um dos organizadores do protesto – o crime precisa ser apurado e punido na forma da Lei. “ Quase um mês do ocorrido e nada foi feito. Fica o nosso repúdio, isso não é uma brincadeira aceitável, é crime, prestamos apoio ao nosso companheiro e todos que se sentiram ofendidos. Precisamos da pintura imediata e que o espaço pichado seja transformado em Resistência com a utilização de arte grafite”, recomendou.
O dirigente sindical afirmou também que a pauta antirracista é uma demanda trabalhista. “Os trabalhadores sofrem racismo e isso também é uma demanda trabalhista, a deliberação é que vamos acompanhar o problema da Unidade até a Resolução. O município de Natal precisa assumir uma postura antirracista para que coisas como essas não se repitam”, afirmou.